quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Ética em Saúde e Bioética

Existe um forte paradigma a ser trabalhado, especialmente na área da saúde: a Ética. Determinados valores vigentes não podem ser ignorados e a prática profissional deve estar aliada a eles, em prol da preservação da integridade humana. O profissional, ao lidar com a vida, deve ter conhecimento sobre alguns princípios a serem levados em consideração.

Conceitos

ÉTICA é derivada da palavra grega Éthos (também Éthica), que possui dois significados distintos e que interagem entre si. Um destes significados deu origem ao termo latino Morale (ou Moralis), sendo utilizado para fazer referência aos costumes de uma determinada sociedade. Etimologicamente, derivam do mesmo princípio, porém possuem empregos diferentes. A ética é um sistema permanente e característico, enquanto a moral é construída e se refere diretamente à conduta dos indivíduos. A moral é um subproduto da ética, por definição.

BIOÉTICA é um conceito surgido e amplamente difundido a partir da década de 70, que refere-se à ética aplicada à vida e à manutenção da mesma. Ao aplicar a bioética na prática, devemos levar em consideração os quatro princípios na qual ela se sustenta.

Os quatro princípios básicos da Bioética
Na não maleficência, parte-se do pressuposto de que não se deve causar males ou danos ao indivíduo, preservando assim a sua integridade física e mental; A beneficência se baseia na obrigação moral de agir em prol do benefício do outro; O respeito à autonomia versa sobre a preservação da liberdade individual e do direito de ir e vir inerente; Por fim, o princípio da Justiça, que está relacionado diretamente à equidade e à distribuição de recursos humanos e materiais de forma igualitária a todos os indivíduos.

ÉTICA MÉDICA é um termo correlato e um componente da bioética, sendo empregado no contexto da prática humanística e curativa da Medicina e de áreas afins, as Ciências da Saúde (Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, etc.). Ética Médica, por sua vez, está ligada à Deontologia. Ver link: Código Brasileiro de Deontologia Médica.

Legislação na Área da Saúde


Existem três conceitos norteadores para a boa prática, por assim dizer, do profissional de Saúde. Lidar com as diferentes interfaces do ser humano requer um rigor e um criticismo maiores, pois a vida necessita de cuidados mais aprimorados e específicos para a sua manutenção.

Exemplo:
O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem

CAPÍTULO I, SEÇÃO I - Das Relações com a Pessoa, Família e Coletividade;
Responsabilidade e Deveres: Art. 12 - Assegurar à pessoa, família e coletividade assistência de Enfermagem Livre de danos decorrentes de imperícia, negligência e imprudência

IMPERÍCIA: Ocorre quando o profissional apresenta despreparo ou deficiência de conhecimentos técnicos e específicos, fundamentais para sua prática;

IMPRUDÊNCIA: Resultado da imprevisão do agente em relação às consequências de seus atos. Ocorre quando o profissional age de forma deliberada sem avaliar previamente o resultado que sua ação poderá acarretar ou quando o mesmo age de forma precipitada e sem cautela;

NEGLIGÊNCIA: Quando há falta de cuidado ou precaução por parte do profissional e também por omissão do mesmo.

A problemática envolvendo a Ética nas pesquisas científicas: Polêmicas e controvérsias
Devido a uma série de questões jurídicas, a Bioética encontra diversos impasses ao longo do caminho. Os debates envolvendo pesquisas de interesse médico e farmacêutico se constituem no principal desafio para a realização plena das mesmas.

Tópicos Importantes:

ABORTO & PESQUISA COM CÉLULAS-TRONCO
Estabelecer quando se dá o início da vida humana e até que ponto da gestação é possível interrompê-la (infanticídio versus aborto), com o auxílio de ciências como a Embriologia e a Genética Humana.

ENGENHARIA GENÉTICA & TERAPIA GÊNICA
Planejamento familiar, prevenção da reincidência de doenças genéticas ao longo das gerações.


CLONAGEM HUMANA, TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS & FERTILIZAÇÃO IN VITRO
Estabelecer critérios e parâmetros para a produção de clones humanos, até mesmo de órgãos humanos para a realização de transplantes.
Técnicas de reprodução assistida e inseminação artificial.
Marco histórico: Nascimento de Louise Brown, em 1978, o primeiro "bebê de proveta".


EUTANÁSIA, MORTE ENCEFÁLICA & SUICÍDIO ASSISTIDO
Definir o conceito de morte e saber até que ponto é juridicamente ético permitir tais práticas.

TESTES EM HUMANOS, EM ANIMAIS E A SENCIÊNCIA
A interferência dos conselhos de ética em pesquisa.

Dentre outros tópicos que estão em voga atualmente.


REFERÊNCIAS
BOCATTO, M. A. Importância da Bioética. Genética na Escola. Ribeirão Preto: n.2, v.2, p.11-14, 2007.

GOLDIM, J. R. Ética. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/bioetica/etica.htm>. Acesso em: 15 ago. 2012.

HECK, J. N. Bioética: Contexto histórico, desafios e responsabilidade. Ethic@. Florianópolis: n.2, v.4, p.123-139, dez. 2005.

LOCH, J. A. Princípios da Bioética. In: Uma Introdução à Bioética. n.73, p.12-19, 2002.

OLIVEIRA, V. S.; PAULO, D. Negligência, imprudência e imperícia: Cliente x Enfermagem.

Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.

Dicionários Priberam e Aurélio.

Links Úteis:
Bioética (InfoEscola) http://www.infoescola.com/medicina/bioetica/
Código Brasileiro de Deontologia Médica: http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/pdf/904.pdf

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Tabagismo: da substância ao tratamento


Olá, como vai? Depois de alguns meses sem postagens, resolvi abordar um assunto com o qual trabalho: o tabagismo. Irei abordar os aspectos clínicos e psíquicos inerentes ao tabagismo sob a ótica assistencial.

Segundo estatísticas da Organização Mundial de Saúde, estima-se cerca de um terço da população adulta mundial seja fumante.


O TABAGISMO

Caracteriza-se pelo consumo de tabaco e pela consequente dependência física da nicotina, substância essa considerada a principal responsável por causar a adição ao tabaco, além de ser altamente carcinogênica. Critérios Diagnósticos: Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV).


O Teste de Fagerstrom


Ferramenta utilizada para avaliar o grau de dependência ao tabaco.

 

Aspectos Clínicos relacionados ao Tabagismo

O hábito de fumar promove redução da função respiratória e da frequência cardíaca;

Sinais e Sintomas Tristeza, apatia, insônia ou hipersonia (excesso de sono), irritabilidade, ansiedade, frustração, raiva, cefaleia, aumento da tosse*, dificuldade para se concentrar, dentre outros;

Fissura para consumir novamente.

*A tosse é justificada, dentre outros fatores, pela destruição das células ciliadas da traqueia. Tais células são as responsáveis por filtrar e reter as impurezas que aspiramos através do trato respiratório.

 
O TABACO 
Extraído das folhas de plantas do gênero Nicotiana

Composto formado por várias substâncias, sendo que a maioria delas é nociva ao organismo. A fumaça do cigarro contém mais de 4 000 substâncias. Seus constituintes principais são:

 

Nicotina Um alcaloide que age sobre os receptores nicotínicos de acetilcolina. Após inalada, a nicotina é rapidamente absorvida pela mucosa pulmonar e em seguida atinge o Sistema Nervoso Central. Possui meia-vida de 2 horas. Tanto ela quanto seus metabólitos são eliminados na urina.


Metais Pesados Chumbo (Pb), Níquel (Ni), Cádmio (Cd), outros.


Compostos Orgânicos Aminas, Aldeídos, Cetonas, Hidrocarbonetos, por exemplo.


Alcatrão Composto por várias substâncias, dentre elas: Nitrogênio (N), Oxigênio (O), Hidrogênio (H), Monóxido (CO), Dióxido de Carbono (CO2) e muitas outras. O alcatrão contém elementos potencialmente carcinogênicos.


TABAGISMO PASSIVO 
Se relaciona principalmente com o tempo de exposição à fumaça. Pode desencadear processos alérgicos (hipersensibilidade), patologias respiratórias e outros malefícios a quem inala a fumaça do cigarro.

TABAGISMO NA GRAVIDEZ 
Responsável por interferir no desenvolvimento fetal. Hábitos tabagísticos durante a gestação podem acarretar em malformações estruturais (redução do tamanho e do peso, teratogenia) e neurológicas no feto e futuramente, cognitivas, comportamentais e intelectuais na criança. A mãe e o bebê podem sofrer com o parto prematuro.



A nicotina pode estar presente na constituição do leite materno da lactante a 0,5 mg/L.

O TRATAMENTO

Cessação dos hábitos tabágicos de forma abrupta (mais recomendada) ou gradual, combinada com as terapias abaixo:

Farmacológico Nicotínico ou Tratamento de Reposição Nicotínica, o TRN
É realizado com reposição de nicotina através do adesivo transdérmico (doses de 21, 14 e 7 mg, de acordo com o esquema terapêutico adotado), da pastilha e da goma (doses de 2 ou 4 mg).

Farmacológico Não Nicotínico
Uso de medicações como bupropiona, clonidina e nortriptilina.

Terapia Grupal Por meio de técnicas de grupo, que são empregadas em sessões mensais ao longo de um ano. É realizada de acordo com o Consenso do INCA. Ver mais nos links úteis.


BENEFÍCIOS AO PARAR DE FUMAR



Referências
FOCCHI, G. R. A.; MALBERGIER, A.; FERREIRA, M. P. Tabagismo: Dos Fundamentos ao Tratamento. São Paulo: Lemos Editorial, 2006.

GIGLIOTTI, A. P.; PRESMAN, S. Atualização no Tratamento do Tabagismo. Rio de Janeiro: ABP Saúde, 2006.

MACHADO, F. L.; et al. Tabaco. In: Tratamento da Dependência de Crack, Álcool e Outras Drogas: Aperfeiçoamento para Profissionais de Saúde e Assistência Social. Brasília: SENAD, 2012.

Links Úteis:
Portal do INCA (Instituto Nacional do Câncer)
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/inca/portal/home

Programa Nacional de Controle do Tabagismo
http://www.inca.gov.br/tabagismo/

Livro em PDF: "Nicotina: A Droga Universal" de José Rosemberg
http://www.inca.gov.br/tabagismo/publicacoes/nicotina.pdf

Dados e Números sobre Tabagismo
http://www1.inca.gov.br/tabagismo/frameset.asp?item=dadosnum&link=mundo.htm

Biblioteca Virtual em Saúde (BVS)
http://regional.bvsalud.org/php/index.php

Pedro Henrique Costa dos Santos, acadêmico de Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), monitor do Programa de Atenção ao Tabagismo do Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes - PAT/HUCAM, membro da equipe técnica do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas e aluno de iniciação científica.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Divulgação Científica: Transtorno de Personalidade Borderline

Olá, saudações. Pretendo fazer um post rápido acerca da publição que farei em um evento de âmbito nacional, a respeito do tema Saúde Mental. Em minhas leituras, me deparei com o transtorno referido e me interessei em abordá-lo em um resumo. Os estudos sobre Transtorno de Personalidade Borderline revelam que há a necessidade de um enfoque maior no assunto.

O evento mencionado é o XII Encontro de Pesquisadores em Saúde Mental e Especialistas em Enfermagem Psiquiátrica, que acontecerá em Ribeirão Preto no mês de junho (dias 4 a 6).



Colocarei aqui o texto que elaborei sobre o Transtorno Borderline, cujo título é: "Aspectos gerais acerca da intervenção ao Transtorno de Personalidade Limítrofe ou Borderline". O foco do meu texto é abordar as maneiras que temos disponíveis para utilizar como intervenção às crises relacionadas ao transtorno, no âmbito emergencial. O resumo está separado em tópicos.


A introdução irá guiar o tema:

Introdução: A presença de casos de Transtorno de Personalidade Limítrofe ou Borderline em atendimentos de emergência é recorrente. A entrada desses pacientes, em tais serviços, deve-se ao fato de que as consequências dos sintomas agudos podem levar a complicações físicas graves.

O objetivo serve para explicar o que se espera atingir com as discussões suscitadas:
Objetivo: Informar, de maneira clara, sobre o transtorno e difundir o conhecimento sobre as intervenções adotadas. Método: Revisão de literatura sobre o transtorno borderline e as intervenções existentes para uma situação de emergência, tal como o risco de suicídio.

Os resultados demonstram qual é a expectativa pretendida a partir da discussão:
Resultados: É possível observar que a presença constante de pacientes com transtorno de personalidade borderline faz parte de um contexto crítico. Os pacientes apresentam instabilidade emocional e frequentemente expressam raiva e ódio, em certas ocasiões.

A discussão levantará questões que devem ser analisadas:
Discussão: Esses pacientes são comumente difíceis de manejar, por serem manipuladores e buscarem chamar a atenção com gestos sugestivos ao suicídio. A abordagem ao risco de suicídio é uma das principais questões a se considerar, devendo ser dada maior atenção ao tema.

Por fim, se faz o desfecho, concluindo:
Conclusões: Compreende-se que um melhor conhecimento acerca do Transtorno Borderline favorece o planejamento das estratégias adotadas no cuidado, a fim de prevenir as complicações decorrentes e melhorar o prognóstico.

Meu texto é apenas um resumo inicial, porém é o ponto de partida para novas discussões. É assim que se faz uma publicação nos moldes oficiais: Com introdução; Objetivo (no caso, uma meta a ser alcançada); Método empregado; Os resultados esperados; A discussão que se forma entorno do tema proposto e as conclusões tiradas disso. Resumos para artigos também são escritos dessa forma, seguindo as regras vigentes (seja ABNT, Vancouver, ou outras adotadas pelas revistas ou entidades responsáveis pela publicação científica).

Espero que tenham gostado, em breve farei mais abordagens sobre a publicação científica.
Abraços.

Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
KAPLAN, H. I.; SADOCK, B. J. Medicina Psiquiátrica de Emergência. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
MORANA, H. C. P.; STONE, M. H.; ABDALLA-FILHO, E. Transtornos de Personalidade, psicopatia e serial killers. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, 2006; 28 (Supl II): S74-9.
VELASCO, P. M. Depressão e Transtornos Mentais. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2009.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Debate: Argumentação, Retórica e Falácias Comuns

Depois de um certo período sem fazer postagens, devido ao pouco tempo que tenho disponível, resolvi abordar esse tema amplo e vasto, porém muito útil em nosso cotidiano. O debate é a ferramenta mais importante utilizada no confronto de ideias, que serve para formar opinião a respeito de determinado assunto com certa relevância.



No que consiste o debate? Obviamente, na exposição de dois pontos de vista diferentes, com argumentos plausíveis e que se opõem. Muitas vezes argumentos podem convergir, outras vezes não. Debates formais empregam certas regras, que devem ser obedecidas à risca. Mesmo não debatendo formalmente, todos os dias utilizamos esse recurso, direta ou indiretamente. Debater é chocar ideias.

A argumentação se baseia em constatações feitas a partir do ponto de vista do debatedor. É possível utilizar recursos de linguística e de oratória.


RETÓRICA




Retórica (do grego rhetoriké; do latim rhetorica), essencialmente, se trata de eloquência. Falar bem e saber utilizar as palavras da melhor forma, em todos os aspectos, são elementos importantes para se ter uma boa retórica. Falar retoricamente é lançar mão de recursos, como por exemplo, figuras de linguagem e de estilo.

As figuras de linguagem mais utilizadas, a saber, são:

Metáfora É quando se substitui certos termos por outros, equivalentes em significado conotativo.

Metonímia Substituição de termos por outros com relação de proximidade (por exemplo, substituir o todo por uma parte ou "justificar os fins pelos meios").

Comparação Representa o próprio confronto de ideias, no caso, palavras ou termos empregados em uma argumentação. Comparar é estabelecer relação de semelhança, em outros termos.

Gradação Demonstra progressão de ideias, uma transição gradual e constante.

Eufemismo Consiste na suavização de expressões, substituindo linguagem chula, popular ou muito enfática por expressões mais adequadas ao contexto ou à situação.

Oxímoro ou Paradoxo Combinação entre palavras antagônicas, contraditórias ou não relacionadas de forma lógica.


Esses foram alguns exemplos de elementos presentes na fala retórica. Por outro lado, temos elementos "viciados", podemos assim dizer. São as falácias, que podem comprometer toda a estrutura lógica de um debate, fazendo-a até mesmo ruir.


FALÁCIAS: É quase impossível usar alguma falácia deliberadamente, porém, algumas pessoas já se encarregam de utilizá-las. Quando empregadas no meio de um debate, podem confundir os argumentos "reais" e conduzir o debate ao erro. Existe um conceito denominado sofisma, que representa uma condução capciosa e indesejada, usada de forma a eliminar quaisquer chances que existam em favor do oponente. Esse termo se aplica ao contexto das falácias.





Aqui destaco algumas muito comuns:

Argumentum ad Hominem Esse é o famoso ad hominem, que consiste no ataque pessoal e direto ao oponente, sem se ater ao argumento propriamente dito. É uma estratégia inútil, visto que, atacar o argumentador não diminui a veracidade do argumento proferido por este último.

Argumentum ad Nauseam Consiste na argumentação repetitiva e insistente. "Uma mentira repetida mil vezes não se torna uma verdade" é uma máxima que ilustra essa falácia.


Argumentum ad Baculum ou Apelo à força Aplicado em casos onde o argumentador lança mão de ameaças, mais especificamente, para dissuadir o oponente. Nem é preciso dizer que é ineficaz.

Argumentum ad Novitatem e Antiquitatem Apenas empregados quando se refere a tempo. Se aplicam quando se diz que algo é melhor, mais apurado ou fidedigno por ser novidade ou antiguidade. Usado em debates que envolvem tecnologia, literatura ou até mesmo política.


Argumentum ad Misericordiam Também chamado de Apelo à emoção ou à misericórdia onde se apela para o lado emocional do oponente para dissuadi-lo de seu posicionamento. É um dos mais fajutos argumentos, onde se recorre às emoções quando não há mais argumentos lógicos disponíveis.


Argumentum ad Populum ou Apelo ao povo Usado quando se afirma um determinado ponto de vista apenas pelo fato de este ser um consenso popular, aceito pela maioria das pessoas, mesmo que não seja verídico. Especialmente comum em debates políticos, mas pode ser encontrado em outros tipos de argumentação.

Argumentum ad Ignorantiam Encontrado em debates onde um dos oponentes conclui apressadamente que um argumento é verdadeiro por não ter sido provado falso, ou vice-versa.

Argumentum ad Verecundiam ou Apelo à autoridade Muito comum em debates onde um dos oponentes lança mão de argumentos ditos por alguém influente (na sociedade, na mídia) apenas pelo fato de ter sido dito por esse alguém, mesmo que não seja consistente ou plausível.

Falsa Dicotomia ou Falso Dilema Se aplica quando se propõem apenas duas assertivas como sendo únicas, mesmo havendo outras. No caso, é encontrada em casos onde o argumentador insiste em dizer que só há "bem x mal", "bom x ruim", "útil x inútil", por exemplo.

Falsa Analogia Vista em casos onde se compara dois elementos que parecem ser correlatos, conotativamente, mas que na verdade não são. Acontece quando se faz analogia com os termos inadequados, por assim dizer.

Non Sequitur Visto como argumento em casos onde os fatos não possuem sequência lógica. Ocorre quando se liga dois fatos totalmente desconexos e os une como se estivessem logicamente justapostos.

Generalizações: Não-Qualificada Se faz uma generalização que, por observação dos fatos, se torna inconclusiva e que se encerra em um equívoco. Apressada Quando o argumento se baseia em uma afirmação que inclui elementos incongruentes entre si num mesmo conjunto. Consiste em julgar o todo sem considerar particularidades individuais ("Toda regra tem sua exceção").

Inversão do Ônus da Prova É quando o argumentador se isenta da obrigação de provar determinada afirmação e força automaticamente o oponente a comprovar sua discordância. Toda e qualquer afirmação deve ser sustentada após ter sido dita, para que seja considerada válida.

Bola de Neve, Derrapagem ou Declive Escorregadio Presente em debates onde um dos oponentes se propõe a dar sequência temporal a fatos que podem não dar origem ao resultado previsto (como uma "previsão do tempo mal calculada", onde supõe-se que acontecerá uma chuva de granizo apenas por se ver uma nuvem escura ao longe).

Deus das Lacunas Empregada em um contexto religioso, onde se aplica deus como explicação para algo que ainda é inconclusivo. Se não há explicação lógica, científica ou racional, inclui-se deus. Normalmente vista em debates de Ciência x Religião (Termo para busca: Complexidade Irredutível).

Falácia do Espantalho Ocorre em casos onde a argumentação do oponente é fraca e não é a verdadeira, sendo usada como subterfúgio para ocultar o verdadeiro argumento. O nome advém do fato de que, em épocas passadas, bonecos de palha eram utilizados como treino para combates, "simulando" um adversário.


Existem falácias aos montes, porém destaquei algumas que possuem certa relevância para o cotidiano.

Espero ter sido conclusivo nesse longo texto. Abarquei assuntos que fazem parte do contexto dos debates: De figuras de linguagem a falácias clássicas. Para maiores esclarecimentos, recomendo o seguinte link (http://www.pucrs.br/gpt/falacias.php), que consiste em um guia textual explicativo, sobre como é possível evitar falácias comuns e "desarmar" argumentos inconsistentes.

Muito obrigado e um abraço!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Homeopatia, Fitoterapia e Placebo

Três conceitos conhecidos e relativamente bem difundidos hoje em dia, especialmente pela mídia. Não são correlatos, porém ocorrem certas associações. É importante salientar que a medicina tradicional é adepta da alopatia, onde se utilizam fármacos manipulados ou industrializados de forma a tratar doenças produzindo efeito contrário.

HOMEOPATIA

Alopatia e Homeopatia são opostos extremos, por definição. Homeopatia se baseia no princípio do fracionamento, onde a substância é diluída em água até atingir dosagem mínima, diga-se de passagem, insuficiente como dose terapêutica. Muitos profissionais da saúde são adeptos da chamada medicina alternativa, onde se insere a homeopatia. A Ciência não reconhece a homeopatia como forma de tratamento, embora seja reconhecida como especialidade médica desde os anos 80. Muitos alegam que a diluição torna o "medicamento" mais eficaz, como se chegasse ao "centro" da substância. Alguns chegam a afirmar que a água possui "propriedades ainda desconhecidas". Sinceramente, eu gostaria muito de ver isso sendo provado.

Não se aprova como terapia a homeopatia por esta atuar exatamente como placebo (detalharei mais no terceiro tópico desse texto). Por ser placebo, não deve ser reconhecida como padrão. Isso é algo que está sendo feito em países como o Reino Unido, onde a homeopatia recebe investimento da Coroa Britânica. Aqui no Brasil a homeopatia está atingindo níveis preocupantes de popularidade. Há diversos estudos que comprovam que a homeopatia só funciona se a pessoa confiar, ou melhor, crer nos resultados satisfatórios. As queixas de pacientes que não obtém o resultado esperado com a homeopatia são muitas.

O vídeo a seguir é parte do documentário de Richard Dawkins, intitulado Os Inimigos da Razão. É a parte 2 do programa (O Serviço Irracional de Saúde), onde dentre outros questionamentos feitos, se inclui a homeopatia (podemos classificá-la como pseudociência também):



A medicina tradicional se baseia em Biomedicina para atuar, tendo em mente que o tipo de tratamento empregado deve reverter o processo de adoecimento do indivíduo. Uma das críticas feitas pelos homeopatas é que o tratamento tradicional não vê o indivíduo de forma holística (como um todo), mas de maneira fragmentada. É um argumento inconsistente, pois a visão curativa funciona exatamente assim. Holismo está presente em outras áreas da saúde, como por exemplo a Enfermagem. O método de cura visa justamente fazer o oposto do holismo.

FITOTERAPIA

A fitoterapia é algo muito corrente na saúde. Muitas ervas e plantas possuem propriedades medicinais reconhecidas. Muitos medicamentos eficazes possuem plantas como princípio ativo. Ervas medicinais são empregadas como emplastros, xaropes e chás desde os tempos mais remotos, permanecendo como parte da cultura de determinados povos até os dias atuais. Nós brasileiros herdamos o tratamento natural dos indígenas, muito sábios por sinal. A comunidade científica da saúde reconhece as plantas como sendo úteis em muitos casos, desde que se tenha conhecimento da origem da erva e que seja utilizada da forma correta, a fim de se evitar reações adversas (alergias, mal estar, piora do estado de saúde).

PLACEBO


O uso do placebo, ainda que negado em alguns casos, é de praxe em tratamentos que possuem alguma necessidade de fundo psicológico envolvida. Atua apenas como uma sugestão de que há um tratamento acontecendo. Os medicamentos não possuem componentes farmacológicos, apenas excipientes (glicose, lactose, celulose, vitamina C ou outras substâncias inócuas). Se o indivíduo está adoentado, muitas vezes apenas o ato de ser medicado já resolve o seu problema. Caso a doença não tenha fundo psicológico, o tratamento convencional entra em ação. Mas reitero: APENAS se os sintomas são de origem psíquica. Não se utiliza placebo para os sintomas do câncer, é ilógico.

Exemplos de sinais e sintomas que podem ter origem psicológica:
Taquicardia, taquipneia, sudorese, vasodilatação. 

Uma situação onde o placebo pode ser empregado é na hipocondria (quando a pessoa acha que está doente, mas não está de fato). Para se evitar a automedicação, faz sentido receitar um medicamento de "mentirinha".

Esse post é mais útil para quem não compreende a diferença entre esses termos, pois pode haver confusão. Meu intuito é defender que o tratamento empregado deve ser consistente e aprovado pela comunidade científica geral.

Abraços.