domingo, 22 de janeiro de 2012

Homeopatia, Fitoterapia e Placebo

Três conceitos conhecidos e relativamente bem difundidos hoje em dia, especialmente pela mídia. Não são correlatos, porém ocorrem certas associações. É importante salientar que a medicina tradicional é adepta da alopatia, onde se utilizam fármacos manipulados ou industrializados de forma a tratar doenças produzindo efeito contrário.

HOMEOPATIA

Alopatia e Homeopatia são opostos extremos, por definição. Homeopatia se baseia no princípio do fracionamento, onde a substância é diluída em água até atingir dosagem mínima, diga-se de passagem, insuficiente como dose terapêutica. Muitos profissionais da saúde são adeptos da chamada medicina alternativa, onde se insere a homeopatia. A Ciência não reconhece a homeopatia como forma de tratamento, embora seja reconhecida como especialidade médica desde os anos 80. Muitos alegam que a diluição torna o "medicamento" mais eficaz, como se chegasse ao "centro" da substância. Alguns chegam a afirmar que a água possui "propriedades ainda desconhecidas". Sinceramente, eu gostaria muito de ver isso sendo provado.

Não se aprova como terapia a homeopatia por esta atuar exatamente como placebo (detalharei mais no terceiro tópico desse texto). Por ser placebo, não deve ser reconhecida como padrão. Isso é algo que está sendo feito em países como o Reino Unido, onde a homeopatia recebe investimento da Coroa Britânica. Aqui no Brasil a homeopatia está atingindo níveis preocupantes de popularidade. Há diversos estudos que comprovam que a homeopatia só funciona se a pessoa confiar, ou melhor, crer nos resultados satisfatórios. As queixas de pacientes que não obtém o resultado esperado com a homeopatia são muitas.

O vídeo a seguir é parte do documentário de Richard Dawkins, intitulado Os Inimigos da Razão. É a parte 2 do programa (O Serviço Irracional de Saúde), onde dentre outros questionamentos feitos, se inclui a homeopatia (podemos classificá-la como pseudociência também):



A medicina tradicional se baseia em Biomedicina para atuar, tendo em mente que o tipo de tratamento empregado deve reverter o processo de adoecimento do indivíduo. Uma das críticas feitas pelos homeopatas é que o tratamento tradicional não vê o indivíduo de forma holística (como um todo), mas de maneira fragmentada. É um argumento inconsistente, pois a visão curativa funciona exatamente assim. Holismo está presente em outras áreas da saúde, como por exemplo a Enfermagem. O método de cura visa justamente fazer o oposto do holismo.

FITOTERAPIA

A fitoterapia é algo muito corrente na saúde. Muitas ervas e plantas possuem propriedades medicinais reconhecidas. Muitos medicamentos eficazes possuem plantas como princípio ativo. Ervas medicinais são empregadas como emplastros, xaropes e chás desde os tempos mais remotos, permanecendo como parte da cultura de determinados povos até os dias atuais. Nós brasileiros herdamos o tratamento natural dos indígenas, muito sábios por sinal. A comunidade científica da saúde reconhece as plantas como sendo úteis em muitos casos, desde que se tenha conhecimento da origem da erva e que seja utilizada da forma correta, a fim de se evitar reações adversas (alergias, mal estar, piora do estado de saúde).

PLACEBO


O uso do placebo, ainda que negado em alguns casos, é de praxe em tratamentos que possuem alguma necessidade de fundo psicológico envolvida. Atua apenas como uma sugestão de que há um tratamento acontecendo. Os medicamentos não possuem componentes farmacológicos, apenas excipientes (glicose, lactose, celulose, vitamina C ou outras substâncias inócuas). Se o indivíduo está adoentado, muitas vezes apenas o ato de ser medicado já resolve o seu problema. Caso a doença não tenha fundo psicológico, o tratamento convencional entra em ação. Mas reitero: APENAS se os sintomas são de origem psíquica. Não se utiliza placebo para os sintomas do câncer, é ilógico.

Exemplos de sinais e sintomas que podem ter origem psicológica:
Taquicardia, taquipneia, sudorese, vasodilatação. 

Uma situação onde o placebo pode ser empregado é na hipocondria (quando a pessoa acha que está doente, mas não está de fato). Para se evitar a automedicação, faz sentido receitar um medicamento de "mentirinha".

Esse post é mais útil para quem não compreende a diferença entre esses termos, pois pode haver confusão. Meu intuito é defender que o tratamento empregado deve ser consistente e aprovado pela comunidade científica geral.

Abraços.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Saúde Mental e os Transtornos da Mente


Resolvi fazer um post no meio da semana. O tema Saúde Mental muito me interessa e é algo importante a ser discutido, fazendo parte do grupo das chamadas Neurociências. Até peguei dois livros emprestados com minha professora, enfermeira doutora Marluce Miguel de Siqueira, que é especialista no assunto. Seguindo seus passos, devo dizer que os transtornos mentais ainda são um tabu na sociedade em que vivemos. Os diversos estereótipos e rótulos aplicados a pessoas que possuem tais problemas são estigmas para o resto da vida: "louco", "pirado", "doido varrido", "lelé da cuca". Não é só de loucura que sofrem os transtornados, mas de vários outros problemas que necessitam de suporte adequado.

A história nos mostra como essas pessoas sofriam com o tratamento desumano destinado a elas, internadas em hospitais psiquiátricos. No Brasil ocorreu a Reforma Psiquiátrica, a partir da década de 1970, que criticava o modelo hospitalocêntrico vigente. O lema adotado na época era: "Por uma sociedade sem manicômios". Pessoas que sofriam com algum tipo de transtorno mental, eram dopadas, acorrentadas, submetidas a sessões de eletrochoque e eram até mesmo lobotomizadas (tinham um dos lobos cerebrais removidos cirurgicamente). Um filme belíssimo que indico e que retrata a de forma visceral a questão é Um Estranho no Ninho, com Jack Nicholson. Recomendo muito.

Isolamento, agressão, sofrimento

É preciso rever certos conceitos a respeito dos transtornos mentais. É preciso estender a mão para quem sofre com tais problemas. Cuidar dignamente e não se esquecer de que continuam sendo seres humanos são os segredos para amenizar a angústia envolvida, tanto para o indivíduo quanto para sua família. Outras ferramentas ao longo das décadas foram sendo aprimoradas, como por exemplo a desinstitucionalização, um processo que viabilizaria o atendimento de forma mais ampla e digna, reduzindo o número de leitos e internações. O acesso ao atendimento viria a ser ampliado mais tarde, com o surgimento dos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial). Surgia então uma nova visão acerca dos transtornos mentais.

Quais são os principais transtornos mentais?
O próximo passo é explicar brevemente sobre cada um dos transtornos mais comuns dentre as pessoas.


DEPRESSÃO


Depressão não é um transtorno propriamente dito, mas um estado e é marcadamente uma das questões mais recorrentes na sociedade. A tristeza profunda, de natureza patológica, desencadeia diversos outros problemas. A tentativa de suicídio é uma consequência grave relacionada à depressão, que deve ser investigada e policiada, de forma a ajudar a pessoa que passa por esse problema. A ideação suicida ocorre em muitos casos, sendo de extrema importância impedir que o fato seja consumado. Depressão requer tratamento não só medicamentoso, mas social. Estimular o indivíduo que sofre com baixa auto-estima e oferecer alternativas para encarar os problemas do cotidiano é a forma mais eficaz de solucionar a questão. Muitas vezes não é preciso recorrer a fármacos, sendo apenas eficaz o suporte familiar e de amigos. Outros fatores associados são a Anedonia (falta de prazer nas atividades diárias), os transtornos alimentares e do sono, o desânimo e a falta de perspectiva de futuro.

É muito comum em adolescentes e jovens adultos, por conta da puberdade, da necessidade do jovem de se inserir em um grupo social (gerando rejeição, solidão e reclusão) e de se inserir no mercado de trabalho. As pressões colocadas em cima do jovem e as cobranças por parte do contexto em que ele se insere o fazem se sentir inseguro, despreparado e frágil perante os problemas da vida. Momentos como esse propiciam o surgimento da ideação suicida, por ser o "último recurso" encontrado como forma de oferecer um alívio ou um escapismo. Depressão também surge em adultos com baixa auto-estima, por não conseguirem um emprego e estarem desempregados, estarem enfrentando uma crise financeira, conjugal ou algo semelhante. Surge em idosos, que já não possuem expectativa de vida tão alta ou sofrem de doenças graves ou degenerativas. Nesse último grupo, o abandono, os maus-tratos e isolamento do contexto familiar (mudança para casas de longa permanência, também conhecidas como asilos) são fatores preponderantes para o surgimento da depressão.

Um apoio oferecido a pessoas nesse tipo de situação é dado pelo CVV, o Centro de Valorização da Vida (http://www.cvv.org.br/).


ESTRESSE E SÍNDROME DE BURNOUT (ESGOTAMENTO)


O estresse é um fenômeno contemporâneo, característico dos grandes centros urbanos. Pessoas vivendo com pressa, cheias de compromissos, workaholics inveterados. A Síndrome de Burnout está diretamente associada, levando pessoas ao colapso iminente. Existem muitas alternativas para se evitar a crise, seja reduzindo jornadas de trabalho ou promovendo estilos de vida mais amenos e flexíveis, longe dos grandes centros. O aumento do risco para doenças cardiovasculares, a redução da qualidade de vida e a consequente redução da expectativa de vida são questões que devem ser levadas a sério. Normalmente, também se inclui o uso de substâncias psicoativas (postarei algo sobre o assunto em breve), péssimos hábitos alimentares, vícios e uma rotina inflexível como sendo agentes estressores. O Burnout é um evento extremo, que pode levar pessoas a cometerem atos que ponham em risco a própria vida e a vida de outros. Constitui-se em agressividade, comportamento suicida e até mesmo homicida.


ANSIEDADE E AGITAÇÃO

A ansiedade também se manifesta de maneira parecida, levando pessoas à loucura quase que literalmente. Indivíduos ansiosos não conseguem manter a atenção e o foco em determinados assuntos, não podem desenvolver suas atividades rotineiras normalmente. Insônia, inquietude, confusão mental, tensão muscular, alterações respiratórias e cardíacas são característicos de pessoas ansiosas e agitadas. Dois elementos associados podem ser o Transtorno de Aprendizagem e o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou Transtorno Hipercinético. Diferentemente do estresse, que acomete geralmente adultos da população economicamente ativa, a ansiedade causada por outros fatores pode surgir ainda na infância, necessitando de intervenção pedagógica, psicológica e terapêutica.


TRANSTORNO BIPOLAR, MANIA E TRANSTORNO DE PERSONALIDADE LIMÍTROFE


Resolvi englobar esses vários transtornos em um só tópico pois todos eles giram em torno de um único fator: o Humor. A bipolaridade consiste em picos de depressão alternados com picos de mania. O indivíduo normalmente tende a emergir de uma crise depressiva imediatamente para um acesso de fúria e excitação incontroláveis. Uma pessoa com transtorno bipolar pode estar calma em certo momento, mas pode atingir o ápice de uma personalidade avessa. Não temer limites, ser contra regras ou abusar de reações extravagantes é típico de pessoas com mania, no caso da bipolaridade. Dificilmente a pessoa poderá ser maníaca somente, é mais comum ser bipolar. É possível identificar alguém em mania quando fala sem pausas, fica várias noites sem dormir, tem sensação de grandeza, a auto-estima muito elevada ou é fugaz em excesso.

Já a personalidade limítrofe ou Borderline tem como característica exclusiva a perturbação, levando o indivíduo a procurar o atendimento de emergência psiquiátrica. O indivíduo limítrofe expressa comportamento autodestrutivo, rejeitando qualquer tipo de apoio externo, em certos casos. O comportamento borderline é exatamente o que o termo denota: viver sempre no limite. Beira a psicose em determinados indivíduos, levando a consequências irremediáveis. Pode estar presente o abuso de substâncias químicas.


ESQUIZOFRENIA



Esse é um tema específico e muito característico dos transtornos mentais. Sem dúvida, possui um enfoque muito grande, dadas as consequências envolvidas. O histórico ao qual me referi remete à esquizofrenia, que sempre foi tratada como algo abominável. Pacientes psiquiátricos eram submetidos aos piores tratamentos, eram espancados e torturados. Juntamente com a epilepsia, é um dos mais recorrentes problemas psiquiátricos. O esquizofrênico necessita de atenção e precisa de um ambiente adequado para ser cuidado. As pessoas devem ter em mente que o indivíduo que sofre de esquizofrenia vai apresentar um comportamento alterado, excessivo e muitas vezes agressivo.

Ocorrem alucinações, delírios, ilusões e tantos outros tipos de evento, com reações diversas. A perturbação é comum, sendo o paciente capaz de visualizar situações fantásticas ou extravagantes. A confusão mental é grande, a ponto de se ter sensações reais (ouve vozes imperativas, vê objetos, pessoas e fantasia situações de ameaça). A despersonalização ocorre em vários casos. O cérebro de um esquizofrênico está em constante dificuldade para diferenciar verdade de ilusão. A intervenção  farmacológica é essencial, mas só é efetiva de fato se a família estiver presente para apoiar o paciente.


TRANSTORNO DO PÂNICO



O indivíduo que sofre de pânico, também chamado de panicado, é alguém que teme o perigo iminente e se afasta de toda e qualquer situação que o possa colocar em risco, tanto da integridade física quanto de morte. Um fator associado é a agorafobia, que será descrita logo em seguida. Pessoas que sofrem com o transtorno do pânico vivem em constante agonia e com ansiedade excessiva. Apresentam dificuldades de se relacionar em locais públicos (é exatamente a agorafobia). Algo muito comum é a despersonalização, quando o indivíduo perde totalmente o senso de estabilidade psicológica e de identidade pessoal. O medo é algo recorrente. São propensos a terem ataques cardíacos (por conta da taquicardia) e ficarem com a respiração dificultada (falta de ar, ou dispneia). Ocorrem tremores, sensações de ondas de calor, desconforto físico e há sudorese exagerada. A velha dupla de "luta ou fuga" está em constante atividade. É muito comum em mulheres, mais do que em homens. 


FOBIAS

Fobias são a manifestação de medo ou aversão doentia a determinados elementos. Podem desencadear transtornos mentais graves, caso não seja iniciada a terapia adequada. Não é "frescura" e pode ter um fundo patológico. Pessoas podem ter a rotina comprometida por conta de tais medos. Confira a seguir alguns dos tipos mais frequentes de fobia:

AGORAFOBIA (medo de estar em locais públicos e espaços abertos)



Como dito no tópico sobre transtorno do pânico, são correlatos. O termo deriva do grego "ágora", que diz respeito aos locais públicos onde a população se reunia para discutir assuntos relevantes. Há relatos de pessoas que passaram anos seguidos sem sair de casa, temendo o contato com o ambiente externo. Agorafóbicos podem ficar longos períodos terem contato com outras pessoas, preferindo se isolar dentro de seus domicílios. Normalmente se sentem sufocados em multidões ou aglomerações.

CLAUSTROFOBIA (medo de estar em locais fechados)


Ao contrário do que acontece com a agorafobia, a claustrofobia acomete pessoas que não conseguem ficar presas em elevadores ou em quartos fechados. As sensações são as mesmas para a anterior (ondas de calor, sudorese excessiva, enurese, ansiedade, taquicardia, etc.), porém relacionadas ao espaço pequeno, fechado e/ou escuro. Ocorre em pessoas que foram submetidas à clausura ou a algum tipo de reclusão punitiva. 

COULROFOBIA (medo de palhaços)


Extremamente comum em crianças pequenas, decorrente de experiências traumáticas com palhaços. A criança muitas vezes não sabe identificar o palhaço como sendo uma pessoa maquiada e fantasiada (normalmente as mais pequenas). A fotografia acima retrata Pennywise, personagem literário e posteriormente cinematográfico criado por Stephen King (o livro onde este surge é It - A Coisa), para representar de forma perturbadora a figura de um palhaço assassino. Pennywise é uma criatura que muda de formas, normalmente sendo identificado como um palhaço. Se alimenta de medos e aterroriza crianças, simbolizando exatamente a referida fobia.

ARACNOFOBIA (aversão a aracnídeos, especialmente aranhas)


Fobia muito comum, especialmente em mulheres. As aranhas, mais especificamente as tarântulas, causam terror apenas por estarem próximas das pessoas fóbicas. Por conta da divulgação de notícias retratando acidentes domésticos com tais aranhas, o medo se espalhou na cultura popular e entre as pessoas. O animal não causa tantos problemas pela picada, pois o veneno não é tão perigoso. Mas de qualquer forma, se ocorrer uma picada ou algum contato brusco com o animal, devem ser feitos os primeiros socorros e a busca por atendimento deve ser imediata.

AICMOFOBIA (medo de agulhas)


Aicmofóbicos temem agulhas, por terem tido algum tipo de experiência desagradável envolvendo medicações, vacinas ou coletas de sangue. Pode ser causado pelo profissional que administrou a injeção, sendo a forma mais comum de gerar o trauma. É preciso intervir nesse tipo de trauma, pois a via mais utilizada para se medicar alguém é a endovenosa ou a intramuscular.

Bem, espero não ter me delongado demais. É um assunto vasto e muito peculiar, digno de discussões.
Abordei alguns aspectos comuns e importantes.

Texto sobre a Reforma Psiquiátrica: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Relatorio15_anos_Caracas.pdf

Livros utilizados como referência:
Depressão e Transtornos Mentais: Tudo o que você deve e precisa saber. Paulo Miguel Velasco. 2. ed. Wak Editora. 2009;
Medicina Psiquiátrica de Emergência. Harold I. Kaplan; Benjamin J. Sadock & Colaboradores. Artes Médicas. 1995.

Obrigado, um abraço.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Ateofobia e suas consequências

Olá a todos, saudações. O assunto sobre o qual resolvi escrever hoje é bastante delicado. O post é ao mesmo tempo um desabafo e um protesto. Não escondo de ninguém (que me questiona) o meu posicionamento a respeito das religiões e o meu ponto de vista sobre as mesmas. Não tenho problemas, atualmente, para me declarar ateu. Mas para muitos isso não é fácil.

Todos os ateus e ateias, sem exceção, já sofreram algum tipo de preconceito quando pessoas religiosas de seu convívio ficaram sabendo sobre o seu posicionamento. Não são todos os religiosos que possuem aversão a ateus, mas a maioria expressa algum tipo de reação indesejada quando se depara com um de nós (especialmente os mais conservadores e tradicionalistas).



Eu me descobri ateu antes mesmo de saber do que se tratava. Lá pelos meus 14 anos comecei a questionar de forma mais incisiva os dogmas e costumes religiosos. Aos 16 anos, me revelei ateu pela primeira vez (uma garota já me perguntou se eu era agnóstico, respondi sem pensar: "sim"). Hoje, com 20 anos, já sou um ateu convicto, certo de que é um posicionamento válido. Nunca fui educado sob a religião. Eu não sou batizado, recusei o batismo pois não queria fazer os procedimentos inerentes à primeira comunhão (achava um saco, honestamente). Minha mãe não esboçou nenhum tipo de sentimento negativo, pelo contrário, foi bastante liberal. Sempre fui muito "investigativo" a respeito das coisas que me rodeavam, nunca aceitei nenhum tipo de imposição sem que soubesse o real motivo para tal. Da mesma forma aconteceu com o cristianismo, no meu caso. Não acho justo ensinar uma criança desde cedo a ter uma religião. Os pais devem ensinar os pequenos a serem questionadores, a exigirem provas o tempo todo. Se ela optar por ser religiosa, quando conseguir entender os prós e contras de se ter uma crença, a escolha será exclusivamente dela.

A grande maioria dos teístas tende a "demonizar" qualquer tipo de expressão anti-religiosa, anti-clerical ou laica. Associam logo o ateísmo ao satanismo (que não é a mesma coisa que luciferianismo, diga-se de passagem). Ateísmo, por definição, é a ausência de crença em divindades. Para evitar controvérsias, vou logo dizendo que não se resume apenas a isso. Como diria uma antiga máxima: "reunir ateus é a mesma coisa que arrebanhar gatos". A frase sintetiza a ideia de que o ateísmo não é algo uniforme. Cada um vê o significado de forma diferente. No meu caso, suponho que se aplique à maioria dos ateus, é que não creio em quaisquer divindades cultuadas pelo ser humano por não haverem evidências que sustentem a existência delas. Evidências essas que devem ser verificáveis e passíveis de análise crítica e criteriosa, seguindo o tão famoso método científico.

MORAL


Um dos pontos principais defendidos por muitos religiosos fundamentalistas é que moralidade é um produto divino. Sem crenças, sem moral. Da mesma forma que podem existir cristãos assassinos, podem existir ateus assassinos, simples. Moral é um constructo social, criado com o propósito de refinar as relações sociais humanas. Diferentemente de controle social, a moral é um mecanismo utilizado de comum acordo entre as pessoas. Até os outros animais, ditos irracionais, podem se relacionar de forma harmoniosa, de maneira a não interferirem na individualidade do outro membro do grupo. Isso também é moral. A moralidade surgiu nas primeiras tribos de Homo sapiens, onde haviam regras estabelecidas para que houvesse uma boa convivência. Converse com um antropólogo ou sociólogo e logo entenderá.

Saindo do campo da moral, já posso começar a falar mais abertamente sobre outros pontos que surgirem ao longo da minha escrita. É impossível associar a falta de crença em algum deus à falta de escrúpulos. Não é lógico associar os males da humanidade ao ateísmo. Estatísticas recentes demonstram que o número de ateus declarados nos últimos tempos tem crescido timidamente, mas ainda não ultrapassa os 14%. Portanto, não faz sentido dizer que a minoria da população mundial é responsável por todos os estupros, homicídios, furtos e ataques terroristas que acontecem por aí. A maioria dos habitantes deste planetinha, logicamente, é teísta.

Dados estatísticos referentes ao ateísmo em algumas partes do mundo: http://odetriunfante.wordpress.com/2009/11/01/as-estatisticas-do-ateismo-em-2008/

Sobre a tendência crescente de ateísmo declarado:
http://ateusdobrasil.com.br/t/estatisticas/

Agora, uma outra questão necessária é a seguinte: os ateus e ateias precisam "sair do armário". Tomamos emprestado o termo do movimento LGBT, que se faz útil nesse contexto, para estimular as declarações abertas de ateísmo. Muitos se sentem incomodados e até sentem medo de expor seu ponto de vista abertamente, temendo represálias. É preciso ser honesto e sincero, a verdade é única e valiosa, por mais dolorosa que possa ser, por mais reações contrárias que possam surgir. Declarar o seu ateísmo de forma sincera faz com que o preconceito (pré-conceito, pré-julgamento) se recolha. A maioria de nós ateus, tirando os mais radicais, não vê problemas na crença dos outros. A recíproca deveria ser verdadeira.

Debater religião também não deveria ser um tabu. Muitos são os religiosos abertos a debate, desde que saudável e cordial. A religião parece viver enclausurada e protegida sob uma redoma de cristal frágil, prestes a se quebrar em mil pedaços. A analogia se encaixa perfeitamente no contexto.

Nós ateus não somos odiosos, não queremos banir as pessoas religiosas da sociedade, não pretendemos instaurar uma "ateocracia". Apenas queremos ter o direito de questionar os dogmas e os impropérios da religião de forma racional e crítica. Apenas queremos ter o direito de expressar o nosso ateísmo livremente, sem estereótipos. Ateus não são demônios, não comem criancinhas, não são perversos, nem malignos. Nós somos de fato, "livres pensadores", "céticos", "irreligiosos". Somos libertários e apenas queremos igualdade para todos.

O "A" Escarlate, um dos símbolos representativos do ateísmo

Espero ter sido a "voz" de alguns ateus amedrontados. Meu sonho, ainda que utópico, é que hajam mais debates cordiais e pacíficos, sem a típica belicosidade extremista. Respeito é bom para todos.

Um abraço.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Ciência, Religião e os Magistérios Não-Interferentes

Esse post pode ser controverso em alguns pontos. Peço discrição e boa postura ao leitor, caso algum posicionamento meu pareça "radical". A intenção, como sempre, não vai ser ofender ou segregar, apenas questionar e colocar em xeque questões essenciais ao nosso entendimento.


De um lado temos a Religião, que utiliza como bases o dogma e a autoridade. Do outro lado temos a Ciência, que se baseia na lógica, na razão e acima de tudo, no bom senso.

Quem deveria ter opinião em questões que dizem respeito aos hábitos e costumes da sociedade? A Religião ou A Ciência? Em primeiro lugar, a Ciência não se ocupa de resolver questões morais ou subjetivas. Já se parte do pressuposto de que a moral faz parte da própria sociedade. Portanto, a Ciência não pretende legislar, regulamentar ou controlar as pessoas. Diferentemente, a Religião propõe que a moral deve ser moldada, por ser obra divina (como um modelo preestabelecido) e imperfeita aos homens. Nesse caso, a Religião tenta atuar como um instrumento de controle social.

Daí então podemos começar a conceituar os Magistérios Não-Interferentes (MNI, do inglês NOMA: "Non-Overlapping Magisteria"). O que seriam?

A ideia foi proposta pelo biólogo e palentólogo americano Stephen Jay Gould, que propôs o seguinte:

A rede, ou magistério, da ciência abrange o âmbito empírico: do que o universo é feito (fato) e por que ele funciona desse modo (teoria). O magistério da religião estende-se para questões de significado definitivo e valor moral. Esses dois magistérios não se sobrepõem, nem englobam todas as dúvidas (considere, por exemplo, o magistério da arte e o significado de beleza). Para citar os velhos clichês, a ciência trata das rochas, e a religião da rocha eterna; a ciência estuda como funciona o céu, e a religião, como ir para o céu.
Livro Pilares do Tempo
Retirado do livro Deus, um delírio, de Richard Dawkins, página 86.

Partindo do princípio de que religião e ciência não devem se sobrepor uma em relação a outra, temos duas esferas totalmente independentes e não-interferentes entre si. Porém, há divergências.

A ciência, como disse anteriormente, não costuma se ocupar de questões morais. O objetivo da Ciência é nos esclarecer sobre as curiosidades que permeiam a mente humana. Sob a visão de Gould, a Ciência se limita apenas a isso, solucionar os mistérios existentes no âmbito físico, concreto. Para ele, a Religião deve se encarregar dos assuntos espirituais, transcendentais e etéreos. Nesse campo incluir-se-ia a moral. 

O link a seguir refere-se a um artigo que versa sobre a convivência existente entre os MNI:
http://www.ilea.ufrgs.br/episteme/portal/pdf/numero18/episteme18_artigo_araujo.pdf

Pois bem, partirei do pressuposto de que religião e ciência não podem interferir uma na outra. Se devemos seguir tal premissa, pare um instante e analise: se a Ciência não se ocupa de questões morais (por ser responsabilidade dos religiosos), a Religião (em princípio) não deveria também interferir em questões científicas. Mas, por qual motivo a Religião ainda insiste em interferir sobre questões que não são de sua alçada?

Eis aí o meu ponto principal de argumentação.
Colocarei exemplos aqui de alguns assuntos que não são inerentes à Religião, porém a mesma dá pitaco e frequentemente é consultada a respeito do seu ponto de vista.

ABORTO


Existem bons motivos para ser pró-aborto. A religião reprova. Mas vou justificar o aborto como sendo algo plausível, partindo do meu ponto de vista. Obviamente, cada um é livre pra pensar como quiser. A legalização do aborto visa um único objetivo: Tornar a prática minimamente humana. Impedir que o aborto aconteça ou não legalizar a prática NÃO impede que a mesma continue ocorrendo, de forma clandestina. Existe uma linha tênue entre aborto e infanticídio. Uma criança viável (das últimas semanas de gestação até o recém-nascido) não é igual a um embrião em desenvolvimento. Como faço parte da área da Saúde, defendo duas visões: A mulher deve ter o direito de escolher sobre a sua gravidez, afinal estamos falando de seu corpo, sua propriedade. Devemos fornecer condições básicas de suporte, para que ela receba apoio antes, durante e depois do procedimento. Da mesma forma que também devemos ser pró-vida. Entramos então em outra questão: Quando começa a vida? É nesse momento que entram os religiosos (muitos sem formação científica), opinando e especulando. Isso é assunto para outro momento.

PESQUISA COM CÉLULAS-TRONCO



Esse também é um assunto polêmico, que entra no debate de "quando consideramos um embrião como sendo um humano formado". Para não adentrar no assunto, apenas direi que até a sétima semana não temos um sistema nervoso completamente formado. Muitas pessoas leigas confundem os termos embrião, feto e bebê (cada um em sua fase respectiva do desenvolvimento), havendo certo embate para se chegar a um consenso. O interesse da pesquisa com células-tronco é a Mórula (um aglomerado de células com alguns blastômeros e invaginações que surge na terceira semana de gravidez, nem perto de ser um humano). Para se tornar um ser humano de fato, podemos considerar o surgimento de um sistema nervoso simples, ou no caso, tubo neural. Essa estrutura surge e se faz presente entre a quinta e a sexta semanas, aproximadamente. Partindo desse princípio, aí podemos considerar como sendo o "protótipo" de um ser humano.

Encontrei esse site aqui (http://www.e-familynet.com/pages.php/PT/000/semanas.htm) contendo informações básicas a respeito de cada semana da gravidez. Serve para os dois tópicos anteriores. Leia e pesquise mais sobre, caso interessar.

EUTANÁSIA


A questão da eutanásia culminou em debates acirrados recentemente. Afinal, devemos ou não desligar os aparelhos? Os religiosos partem do princípio de que desligar os aparelhos de um doente terminal que opta por isso é suicídio assistido. Colaborar com isso é homicídio. E tentam se valer de argumentos jurídicos (com certa brecha para a ambiguidade) para defender o seu ponto de vista. A família deveria ser a tutora do paciente e se responsabilizar pela decisão, desde que de comum acordo entre equipe de saúde e paciente, caso este ainda possa responder (Lúcido e Orientado no Tempo e no Espaço - LOTE). Caso não possa e o paciente se encontra em algum tipo de sofrimento (dor intensa ou desconforto), a família deve decidir o que fazer para amenizar o estado em que o seu familiar se encontra. Sem culpa, sem pressões sociais. O que deve imperar é a vontade e a necessidade do paciente (repito, caso esse ainda possa se responsabilizar por si mesmo).

Obrigado por ler, tire boas conclusões a respeito dos pontos abordados.
Abraços.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Livro que Recomendo: Além de Darwin - Reinaldo José Lopes

Como hoje o dia tá super tedioso e eu estou "de folga", resolvi postar sobre esse livro que estou lendo recentemente.


Dados técnicos:
Além de Darwin - Evolução: O que sabemos sobre a história e o destino da vida;
Editora Globo;
Lançado em 2009;
Em torno de 228 páginas;
Categoria Biologia Evolutiva;
Texto escrito sob as normas do Novo Acordo Ortográfico.

Sobre o autor:
Reinaldo José Lopes, ex-colunista de ciência para o portal G1 e atualmente, repórter de Ciência para a Folha de São Paulo. Foi colaborador em várias publicações, como a Scientific American Brasil e a Nature. Ganhou o Prêmio Abril de Jornalismo na categoria Ciência e o Prêmio de Reportagem, sobre a biodiversidade da Mata Atlântica.



Comprei ano passado (está custando na faixa dos R$ 30,00, não me lembro ao certo quanto paguei nele). Tinha começado a ler, mas tive que parar por conta dos estudos. Agora retornei a ele, com mais calma e paciência. E devo dizer que é uma leitura muito prazerosa.

O livro é dividido em 8 partes, com capítulos menores em cada parte. Cada capítulo versa sobre um aspecto distinto da evolução. O autor é jornalista, especializado em Ciência. Seu trabalho foi baseado em reportagens atuais sobre as principais descobertas a respeito da Evolução.

Mesmo quem não está familiarizado com termos técnicos ou linguagem científica consegue captar a mensagem do autor. A leitura se torna bem divertida ao avançar de capítulos, aguça a curiosidade do leitor. Depois de ler certas partes eu acabei até aprofundando algumas pesquisas a respeito dos temas abordados. Reinaldo José Lopes usa da intertextualidade para comentar sobre os temas do livro, sempre se aproximando e recorrendo a pesquisadores, mantendo inclusive contato com eles para buscar informações.

Alguns tópicos que o livro aborda:
- Comparações entre outros animais e o ser humano (recorrente);
- Comportamento sexual;
- Inteligência e raciocínio;
- Hereditariedade e Herança Genética;
- Caça e sobrevivência no meio selvagem;
- Relações entre seres vivos (parasitismo, por exemplo); dentre outros.

As explicações que ele dá, bem como as analogias que faz, tornam o livro bem compreensível, do ponto de vista "leigo". Serve até como incentivo a mais para quem não compreende bem a Evolução como sendo um processo constante e permanente.

O livro em si é bem fundamentado quanto às questões de Paleontologia, Genética e Comportamento Animal. O autor buscou trazer o que houvesse de novo para informar ao leitor. Aborda conceitos como Pedomorfose (características morfológicas mais delicadas ou infantis em muitos animais), Panspermia (origem extraterrestre da vida da Terra), dentre vários outros aspectos curiosos. Atiça até a vontade de estudar Biologia!

O autor já esteve no Programa do Jô, o vídeo da entrevista você encontra facilmente no YouTube.

Pra quem se interessar, aí está uma boa dica de leitura.
Sempre que eu souber de algum livro interessante ou quando resolver falar de um ou outro livro meu, posto aqui. Leitura divertida é sempre uma boa pedida.

Abraços.

domingo, 8 de janeiro de 2012

O Espiritismo, a roupagem pseudocientífica e suas implicações (VÍDEO)

O leitor Matheus Jardiim comentou o meu último post, sugerindo que eu incluísse o tema Espiritismo ao tópico "Pseudociência e Misticismo". Eu realmente havia pensado em incluir o assunto na postagem, mas deixei para uma outra ocasião. No entanto, lembrei de alguns vídeos que refutam o espiritismo. O autor dos vídeos apresenta evidências convincentes de que o espiritismo não passa de um grande engodo.

Reitero que minha intenção não é a de atacar a doutrina ou os seguidores dela, mas sim expor um outro ponto de vista a respeito dela. Esse post vai ser rápido, talvez me aprofunde no tema em outra oportunidade.

O espiritismo é seguido por milhares de pessoas em todo o Brasil, sendo bastante popular e difundido. A questão suscitada, de fato, é a roupagem pseudocientífica adotada pelos Kardecistas. Eles não possuem nenhuma base de Ciência para apresentarem os seus supostos "fatos", portanto, não são nada mais do que religiosos seguindo uma crença. A lista de vídeos que vou colocar aqui é curta, porém bastante elucidativa.

Vídeo 1: "O Espiritismo é uma farsa"
http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=X7y0qBX3HCw
Nesse primeiro vídeo, o autor sintetiza as ideias que ele defende, com base em relatos e reportagens feitas em uma revista, com fotos e depoimentos.

Vídeo 2: "Chico Xavier: Uma farsa (10 provas e evidências contra o médium)"
PARTE 1 http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&list=UUmDuCmuoCDlF8ngJM3O_oBg&v=7YJXSSlSHgo
PARTE 2 http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=tkBMFm3fPr0
Aqui, os vídeos apresentam 10 evidências que demonstram que o Espiritismo é enganoso.

Vídeo 3: "Waldo Vieira fala sobre farsas de Chico Xavier" http://www.youtube.com/watch?v=Kvp1JPZp0a0&feature=player_detailpage
Nesse terceiro vídeo, Waldo Vieira (foi parceiro de Chico Xavier) relata como as psicografias eram forjadas, com o auxílio de cartas enviadas pelas famílias dos falecidos.

Repito, esse é um post curto, apenas por ter sido sugerido por um leitor.
Se alguém tiver qualquer ideia sobre um tema para que eu aborde, pode entrar em contato comigo.

Um abraço, até breve.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Pseudociência e Misticismo



O post anterior explicava a importância que o Método Científico exerce na produção de novos conhecimentos. Porém, existe uma lacuna entre ciência e conhecimento chamada Pseudociência.

O que é Pseudociência?
Você deve conhecer algo sobre Esoterismo, Numerologia, Astrologia, Magia, dentre outros termos bastante atraentes. São assuntos muito divulgados e difundidos por entre as pessoas (especialmente para os mais supersticiosos). O problema é quando tais assuntos insistem em "vestir" uma "roupagem" falsa de Ciência.

Muitos adeptos não aceitam quando suas ideologias são criticadas. Meu intuito aqui não é atacar, mas conjecturar sobre os meus pontos de vista acerca desses assuntos. Se você é seguidor de algum guru, acredita em magia ou milagres ou gosta de ler o seu horóscopo diário e se incomoda com algo que eu possa dizer, pare de ler e não dê atenção.


As pessoas tendem a gostar de assuntos místicos. O desconhecido encanta, assusta, intriga... Enfim, chama a atenção das pessoas. Vou comentar um pouco sobre algumas pseudociências ou assuntos relacionados a misticismo.

ASTROLOGIA E HORÓSCOPO


Com certeza, esse é um tema que atrai muitos adeptos. Se você é alguém que crê com veemência que não pode sair de casa sem ler o sobre o seu signo, esse é um assunto que vai te atrair. Não tenho nada contra astrólogos ou quem gosta de horóscopo. Mas penso que o assunto não deve ganhar tanta atenção como ganha atualmente. Pessoas procuram orientação astrológica para seguirem com suas rotinas, imaginando que o horóscopo vai de alguma forma dar um "empurrãozinho" em suas vidas. Astrologia é uma questão de crença, porém não verificável ou passível de análise crítica. Não há base que corrobore os efeitos dos astros sobre a personalidade ou caráter de alguém. Nem sempre o horóscopo do dia vai coincidir com a realidade. É só uma questão simples: não é lógico pensar que o horóscopo de hoje vai ser idêntico a todos (na casa dos milhões) os librianos, não vai. O horóscopo é apenas um amontoado de frases de efeito comuns a várias pessoas, sempre com mensagens de prosperidadade e bonança. A minha dica é: não leve tão a sério a astrologia, não tem efeito prático nenhum na sua vida.

UFOLOGIA



Outro tema que chama atenção de algumas pessoas e atrai multidões em todo o mundo é a Ufologia. Não é uma ciência, embora tente chegar lá. Como toda pseudociência, se baseia apenas em especulação. Não tem bases práticas para se sustentar sozinha. Eu mesmo faço parte de um grupo de ufologia no facebook, mas não vejo a ufologia de forma tão fantástica, apenas vejo como bom cético que sou. É um assunto interessante... Pode ser que haja vida inteligente fora do planeta, mas ainda não podemos afirmar com provas. Não podemos afirmar que nos visitam com frequência ou que tentam entrar em contato conosco, se é que existem da maneira como imaginamos. A Astrobiologia ou Exobiologia (ciência que busca vida no espaço) se ocupa da tarefa, mas até o momento temos poucas informações, apenas sobre elementos químicos e formas de vida simples (bactérias). As especulações continuam.

SETI

Carl Sagan: um dos maiores divulgadores de ciência de todos os tempos. Autor da série de televisão Cosmos, deixou um legado sólido e valioso. Com seu senso crítico e ceticismo, fez com que muitas pessoas começassem a ler sobre Ciência e se interessarem por Astronomia e Cosmologia.

O cientista Carl Sagan foi um dos idealizadores do projeto SETI (Search for Extra-Terrestrial Intelligence). O projeto em questão é o responsável por buscar por vida inteligente fora do planeta. Inclusive enviaram a famosa Mensagem de Arecibo (ver imagem abaixo), contendo os principais elementos constituintes da nossa sociedade. O Radiotelescópio de Arecibo se encontra em Porto Rico. Diferentemente da pseudociência, o projeto SETI se baseia em Astronomia para encontrar evidências de vida extraterrestre.



MAGIA, PARANORMALIDADE E MITOS

Muitos afirmam ter habilidades sobrehumanas. Outros muitos relatam ter presenciado tais eventos. Graças aos desenganadores e ilusionistas que desmascaram mitos ou farsas, podemos saber da verdade. Alguns arriscam em vestir a magia com ciência, algo inadmissível em nosso meio.

MAGIA: PENN JILLETTE E TELLER


A dupla de ilusionistas já quebrou muitos paradigmas e revelou a verdade a nós. Com truques muito bem preparados, os dois fazem shows e até apresentam um programa de televisão, o Bullshit!, onde desmistificam vários mistérios e algumas curiosidades da atualidade (abduções, homeopatia, milagres bíblicos, dentre outras coisas). Os dois divulgam ideias de ceticismo, ateísmo e descrença, de forma bem humorada e sarcástica. Vale a pena conferir mais sobre eles. Você encontra vários vídeos dos programas no YouTube.

PARANORMALIDADE: JAMES RANDI


James Randi é um desenganador profissional. Ele ofereceu um prêmio de um milhão de dólares a quem conseguir provar diante de uma audiência algum fenômeno paranormal (até o momento ninguém provou algo do tipo). Ele é o fundador de uma entidade educacional que visa estudar e pesquisar a paranormalidade, a pseudociência e o sobrenatural (http://www.randi.org/site/). Conheça mais sobre o trabalho de Randi.

MITOS: JAMIE HYNEMAN E ADAM SAVAGE, OS MYTHBUSTERS


Muito conhecidos do público, esses dois são "quebradores de mitos" legítimos. Usando conhecimentos de física, engenharia e matemática, Jamie e Adam, acompanhados de sua equipe, desmascaram mitos que atiçam a nossa curiosidade. Já conseguiram provar muita coisa, de desafios simples até mais complexos. Os Mythbusters são caçadores natos, empenhados em trazer respostas a várias perguntas do cotidiano. São bons divulgadores de ciência, atualmente.

Enfim, o meu intuito era o de comentar alguns dos principais temas em voga sobre Pseudociência e assuntos relacionados. Espero ter conseguido passar a mensagem de forma clara e dinâmica.

Um abraço.

Método Científico

Olá, saudações! Para inaugurar o meu blog, resolvi postar sobre um dos pilares que estabelece a Ciência como conhecemos: o Método Científico.

Então, sobre o que se propõe o método científico? Bem, é muito simples.
A Ciência, para ser considerada fidedigna, precisa de regras. São essas regras que formam um campo de estudo chamado Metodologia Científica. O objetivo primordial do método científico é sistematizar o conhecimento, estabelecendo parâmetros rigorosos para que seja produzida Ciência.

Um outro objetivo secundário, porém não menos importante, é tornar a Ciência acessível e prática para todos, de forma igualitária e equilibrada. O rigor da metodologia vai estabelecer critérios para que o conhecimento seja  disponibilizado.

AS ETAPAS DO MÉTODO CIENTÍFICO:
As imagens abaixo sintetizam de forma simples como se dá o método científico por etapas. Explicarei brevemente cada uma delas.




Etapa 1 - A OBSERVAÇÃO
Como o próprio nome sugere a observação se dá ao constatar um fato (o objeto de estudo).
Ex.: Seres vivos sofrem mudanças ao longo das gerações.

Etapa 2 - A HIPÓTESE
Nessa etapa, o observador (estudioso) sugere um questionamento acerca do fato observado.
Ex.: O que contribui para que os seres vivos sofram tais mudanças? O ambiente? As condições de vida?

Etapa 3 - A TEORIA
A seguir, o observador cria um arcabouço teórico para dar sustentação à sua hipótese. Com o auxílio de ferramentas, é possível constatar certos fatos e comprová-los, caso leve a teste e obtenha resultados positivos. (No caso, o exemplo que estou dando é o da Teoria Sintética da Evolução. Se apoiando em conhecimentos adquiridos nos campos da Genética, da Ecologia e da Anatomia Comparada, pode se chegar ao que conhecemos hoje como Evolução propriamente dita.)

Etapa 4 - O EXPERIMENTO
Com toda a fundamentação teórica organizada de forma sistemática, pode-se chegar a determinados resultados obtidos através de testes. Aqui o objetivo é encontrar evidências que corroborem todo o desenvolvimento até então.

Etapa 5 - RESULTADOS
Aqui é onde se pode chegar a alguma conclusão. Você pode rejeitar as proposições feitas, caso os resultados não sejam satisfatórios. Nesse caso, a intenção é revisar o processo inteiro e observar se há alguma discrepância a ser corrigida para se chegar em novos resultados.

Simplificando, é esse o método científico. O processo em si é muito trabalhoso e demanda anos de pesquisa. Os profissionais envolvidos merecem consideração e muito respeito, afinal, são eles que trazem as descobertas sobre tudo o que conhecemos ou queremos conhecer. Espero que tenha sido claro ao explicar um pouco do que sei sobre o assunto. Se algo estiver em desacordo, comente.

Sobre publicação científica em periódicos, recomendo esse vídeo, postado por Yuri Grecco do canal Eu, Ateu: http://www.youtube.com/watch?feature=player_profilepage&v=_KSv5juUue0