domingo, 22 de janeiro de 2012

Homeopatia, Fitoterapia e Placebo

Três conceitos conhecidos e relativamente bem difundidos hoje em dia, especialmente pela mídia. Não são correlatos, porém ocorrem certas associações. É importante salientar que a medicina tradicional é adepta da alopatia, onde se utilizam fármacos manipulados ou industrializados de forma a tratar doenças produzindo efeito contrário.

HOMEOPATIA

Alopatia e Homeopatia são opostos extremos, por definição. Homeopatia se baseia no princípio do fracionamento, onde a substância é diluída em água até atingir dosagem mínima, diga-se de passagem, insuficiente como dose terapêutica. Muitos profissionais da saúde são adeptos da chamada medicina alternativa, onde se insere a homeopatia. A Ciência não reconhece a homeopatia como forma de tratamento, embora seja reconhecida como especialidade médica desde os anos 80. Muitos alegam que a diluição torna o "medicamento" mais eficaz, como se chegasse ao "centro" da substância. Alguns chegam a afirmar que a água possui "propriedades ainda desconhecidas". Sinceramente, eu gostaria muito de ver isso sendo provado.

Não se aprova como terapia a homeopatia por esta atuar exatamente como placebo (detalharei mais no terceiro tópico desse texto). Por ser placebo, não deve ser reconhecida como padrão. Isso é algo que está sendo feito em países como o Reino Unido, onde a homeopatia recebe investimento da Coroa Britânica. Aqui no Brasil a homeopatia está atingindo níveis preocupantes de popularidade. Há diversos estudos que comprovam que a homeopatia só funciona se a pessoa confiar, ou melhor, crer nos resultados satisfatórios. As queixas de pacientes que não obtém o resultado esperado com a homeopatia são muitas.

O vídeo a seguir é parte do documentário de Richard Dawkins, intitulado Os Inimigos da Razão. É a parte 2 do programa (O Serviço Irracional de Saúde), onde dentre outros questionamentos feitos, se inclui a homeopatia (podemos classificá-la como pseudociência também):



A medicina tradicional se baseia em Biomedicina para atuar, tendo em mente que o tipo de tratamento empregado deve reverter o processo de adoecimento do indivíduo. Uma das críticas feitas pelos homeopatas é que o tratamento tradicional não vê o indivíduo de forma holística (como um todo), mas de maneira fragmentada. É um argumento inconsistente, pois a visão curativa funciona exatamente assim. Holismo está presente em outras áreas da saúde, como por exemplo a Enfermagem. O método de cura visa justamente fazer o oposto do holismo.

FITOTERAPIA

A fitoterapia é algo muito corrente na saúde. Muitas ervas e plantas possuem propriedades medicinais reconhecidas. Muitos medicamentos eficazes possuem plantas como princípio ativo. Ervas medicinais são empregadas como emplastros, xaropes e chás desde os tempos mais remotos, permanecendo como parte da cultura de determinados povos até os dias atuais. Nós brasileiros herdamos o tratamento natural dos indígenas, muito sábios por sinal. A comunidade científica da saúde reconhece as plantas como sendo úteis em muitos casos, desde que se tenha conhecimento da origem da erva e que seja utilizada da forma correta, a fim de se evitar reações adversas (alergias, mal estar, piora do estado de saúde).

PLACEBO


O uso do placebo, ainda que negado em alguns casos, é de praxe em tratamentos que possuem alguma necessidade de fundo psicológico envolvida. Atua apenas como uma sugestão de que há um tratamento acontecendo. Os medicamentos não possuem componentes farmacológicos, apenas excipientes (glicose, lactose, celulose, vitamina C ou outras substâncias inócuas). Se o indivíduo está adoentado, muitas vezes apenas o ato de ser medicado já resolve o seu problema. Caso a doença não tenha fundo psicológico, o tratamento convencional entra em ação. Mas reitero: APENAS se os sintomas são de origem psíquica. Não se utiliza placebo para os sintomas do câncer, é ilógico.

Exemplos de sinais e sintomas que podem ter origem psicológica:
Taquicardia, taquipneia, sudorese, vasodilatação. 

Uma situação onde o placebo pode ser empregado é na hipocondria (quando a pessoa acha que está doente, mas não está de fato). Para se evitar a automedicação, faz sentido receitar um medicamento de "mentirinha".

Esse post é mais útil para quem não compreende a diferença entre esses termos, pois pode haver confusão. Meu intuito é defender que o tratamento empregado deve ser consistente e aprovado pela comunidade científica geral.

Abraços.

2 comentários:

  1. Dizer "a medicina tradicional é adepta da alopatia" indica um grau de adesão aos conceitos da homeopatia, pois o termo "alopatia" foi criado pelos homeopatas. Na medicina padrão, não existe tal dicotomia.

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    1. Estou ciente disso, porém, se eles utilizam essa terminologia, é necessário desmistificar usando os mesmos termos. Seria como falar em criacionismo e "evolucionismo" como se fossem realmente antagonistas, dando credibilidade ou status de igualdade à primeira palavra (criacionismo como doutrina religiosa, porém insistentemente colocada como "substituta") em relação à segunda (evolução é um fato e tem uma teoria que a explica, mas não é muito difícil ver a mídia ou leigos falarem em "teoria da criação" como oposta, um completo absurdo). Eu sei que é dar à homeopatia status de oposição, ou ainda de equivalência, mas o texto por si mesmo já cumpre o papel de rebater essa suposta igualdade.

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